#PRACEGOVER: Capa do livro |
ALDEIA DOS MORTOS
Autor (a): Adriana Vieira Lomar
Editora: Patuá
Ano: 2020
Páginas: 196
Minha classificação: 4/5
Sinopse: Aldeia dos mortos, de Adriana Vieira Lomar, chama a atenção pela originalidade. O protagonista é um feto que percebe tudo o que se passa fora da barriga da mãe, que participa da vida familiar e dos diferentes aspectos do universo físico e existencial ao seu redor. Um feto que anda na rua, segue os passos dos personagens, tenta interferir na história, apesar de não ter ainda nascido. Alguém que carrega em si um sentido real e metafórico e se propõe a uma missão difícil. Muitas vezes o feto é tratado como ele/ela, levantando a questão da identidade sexual que nos acompanha, de algum modo, desde que somos concebidos.
Olá, leitores do Pacote Literário!
Hoje venho lhes contar um pouco sobre esse livro publicado pela Editora Patuá, recebido em parceria com a autora Adriana Vieira Lomar. Adriana é muito atenciosa, não deixou de constar uma linda dedicatória, conforme se vê na foto.
#PRACEGOVER: Montagem com duas fotos: A capa do livro e a primeira página com a inscrição "Para a prezada Karla Samira com o afeto da Adriana Vieira Lomar. Rio, 22/4/20" |
Leitura completamente diferente de tudo o que já li! Originalidade é realmente a palavra para defini-la.
O livro é narrado por um feto que ainda não tem nome e nos leva a diversas situações junto de si.
Mesmo ainda na barriga da mãe, ele (ou ela) sente tudo o que acontece ali naquela relação mãe e filho, mas também passeia pelo passado, observa e tenta mudar o destino de várias pessoas.
No passado, descobrimos a história dos familiares da mãe.
Me encantei particularmente por Vó do Caco, pessoa de paciência meticulosa, que colava os cacos de porcelana com facilidade e habilidade.
Também durante a leitura temos questões consideradas tabus para a época e como se davam as situações e os comentários da sociedade para o comportamento “padrão” de uma dama, por exemplo.
Dramas familiares, questões de honra, justiça, vingança e, claro, grandes enganos são vistos no decorrer desse livro, que tem um quê de metafísico.
Nesta costura muito bem tecida por Adriana, nos entregamos a tantas metáforas da vida, que é até difícil enumera-las.
A cola e a paciência são absolutamente necessárias para juntar os cacos (e as dores) advindos das quebras da vida.
Voltar atrás para tentar prevenir a morte de alguém que se ama... quem nunca pensou nas inúmeras possibilidades se aquele ente especial ainda estivesse vivo?
O feto que assiste a tudo e já tira conclusões concisas sobre seus irmãos e seus pais também me tocou em cheio. Ele sente, no comportamento de cada um, como serão aquelas relações após o seu nascimento.
Bernadete, a menina inconsequente de quem Mivó cuida nos traz diversas questões. A superproteção da “mãe postiça”, os ciúmes, que normalmente estão presentes em todas as relações entre irmãos. O certo e o errado aqui são ressignificados, tanto (e tão pouco) amor em cada momento dessa vida.
#PRACEGOVER: Fundo de toco de madeira, uma flor grande na cor rosa e o livro à direita. |
Recheado de palavras advindas de um vocabulário regional, temos contato com expressões muito próprias que trazem ao texto de Adriana uma ambiguidade bastante reflexiva.
Essas e muitas outras são as questões trazidas por Adriana, com sua escrita fluida que, por vezes, é triste e melancólica.
Tenho certeza de que, se eu reler 5 vezes, em todas encontrarei novas questões para refletir.
A edição da Editora Patuá é muito bonita, com uma simbólica capa preta e o gato, um personagem do qual eu não falei acima, de propósito, para aguçar a curiosidade de vocês. (A vida e o comportamento dele também apontam para uma reflexão). As páginas amareladas e a fonte são confortáveis à leitura e a revisão foi perfeita.
Algo que me chamou muito a atenção foi a dedicação na elaboração dos títulos de cada capítulo. Cada um deles com a medida certa entre transparecer e deixar o assunto “escondido”, trabalho minucioso que deu um belo resultado!
Adorei e recomendo a leitura!
E vocês, o que acharam da resenha? Me contem nos comentários!
A Clauo do Mãe Literatura também fez a leitura e postou hoje a resenha, confiram!
Amei este livro também, Karla!
ResponderExcluirE adorei trocar minhas impressões com você.
Acho sensacional como cada uma observa detalhes diferentes, mas é inegável que a trama mexeu com as duas.
Moça talentosa, esta Adriana!
Adorei o post e as fotos também
Beijos
Clauo
Oii, confesso que ainda estou confusa sobre o que o livro trata. Mas realmente consegue atiçar a curiosidade. Esse livro parece ser uma raridade, o trabalho foi muito bem pensado, quase que tudo tem que ter um porquê e isso admiro nos escritores, dá uma dor de cabeça criar tudo isso, uma trama envolvente e que pega o leitor de surpresa.
ResponderExcluirJardim de Palavras