3 de outubro de 2017

[Resenha] No Seu Pescoço


NO SEU PESCOÇO
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2017
Páginas: 256

Livro cedido em parceria com a editora


Sinopse: A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie vem conquistando um público cada vez maior, tanto no Brasil como fora dele. Em 2007, seu romance Meio sol amarelo venceu o National Book Critics Circle Award e o Orange Prize de ficção, mas foi com o romance seguinte, Americanah, que ela atingiu o volume de leitores que a alavancou para o topo das listas de mais vendidos dos Estados Unidos, onde vive atualmente. Ao trabalho de ficcionista, somou-se a expressiva e incontornável militância da autora em favor da igualdade de gêneros e raça. Agora é a vez de os leitores brasileiros conhecerem a face de contista dessa grande autora já consagrada pelas formas do romance e do ensaio. Publicado em inglês em 2009, No seu pescoço contém todos os elementos que fazem de Adichie uma das principais escritoras contemporâneas. Nos doze contos que compõem o volume, encontramos a sensibilidade da autora voltada para a temática da imigração, da desigualdade racial, dos conflitos religiosos e das relações familiares. Combinando técnicas da narrativa convencional com experimentalismo, como no conto que dá nome ao livro — escrito em segunda pessoa —, Adichie parte da perspectiva do indivíduo para atingir o universal que há em cada um de nós e, com isso, proporciona a seus leitores a experiência da empatia, bem escassa em nossos tempos.



Olá! Estou de volta, com mais uma resenha da escritora Chimamanda Ngozi Adichie, uma das minhas preferidas.

Demoro sempre vários dias para escrever depois de um livro assim. Fico navegando pelas sensações que ele desperta, pelas lembranças dos personagens e tentando acomodar o desconforto desencadeado por algumas histórias.




Em “No seu pescoço”, Adichie reúne 12 contos sobre nigerianos morando na Nigéria, nos Estados Unidos, em aldeias e em cidades, de diferentes etnias e com distintos graus de instrução. Nessa diversidade de histórias, ideias e personagens, o que se destaca é a sensibilidade da autora ao apresentar questões políticas, sociais, preconceito racial e diferenças de gênero, além da habilidade em representar pessoas complexas e incrivelmente cativantes.

Esse é o caso de Chinedu, do conto “O tremor”, um nigeriano que se oferece para rezar com sua vizinha ao saber que um avião caiu na Nigéria. Também nigeriana e morando sozinha nos Estados Unidos, Ukamaka está angustiada porque seu ex-namorado poderia estar no avião. A partir desse encontro, Ukamaka conta a Chinedu sobre seu longo relacionamento que terminou e, gradativamente, descobre um pouco sobre a vida desse homem simples e gentil.


“Acabei de lembrar que já vi você no ônibus uma vez. Eu sabia que era africano, mas achei que podia ser do Gana. Parecia gentil demais para ser nigeriano.”
“Quem disse que sou gentil?”, perguntou Chinedu, rindo.

Depois de muitos encontros Chinedu começa a falar sobre sua vida. Pra mim foi impossível não me apaixonar por esse personagem. Queria adiar o final do conto e saber como seria a vida dos dois depois daquela última conversa.



Jumping Monkey Hill” é o meu conto preferido desse livro. É, também, a história que sintetiza o que sinto ao ler as obras de Chimamanda. Ujunwa, a personagem principal, é escritora e está participando de um Workshop para escritores africanos, no qual cada escritor produzirá um conto, que será analisado pelos demais participantes.

O conto intercala fatos da vida de Ujunwa, trechos de seu conto e acontecimentos durante sua estadia no resort Jumping Monkey Hill. O que parece corriqueiro revela preconceitos e machismo, numa narrativa muito fluída.


"Nunca é exatamente assim na vida real, não é? As mulheres nunca são vítimas dessa maneira tão grosseira, e certamente não na Nigéria. A Nigéria tem mulheres em posição de poder. A ministra mais importante do gabinete é mulher."

Em primeiro momento, não é a história mais impactante. “A embaixada americana” e “Uma experiência privada” são histórias muito mais trágicas e chocantes. Contudo, foi impossível não pensar em Ujunwa durante vários dias. O que mais me agrada nessa história é a crítica sutil às violências cotidianas que as pessoas sofrem por serem quem e como são. 



Como sempre acontece com os livros da Chimamanda, terminei a leitura com uma tristeza profunda e o livro ficou cheio de post-its em passagens para reler posteriormente.

Encerro essas breves reflexões com um trecho do conto “A historiadora obstinada”, que reflete muito dos meus dias pós-leitura. Até a próxima!


"Grace refletiria sobre isso durante um longo tempo, com grande tristeza, e, por causa desse ocorrido, veria com clareza a ligação entre educação e dignidade, entre as coisas duras e óbvias que são impressas nos livros e as coisas suaves e sutis que se alojam na alma."




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12 comentários:

  1. Maravilhosa resenha! Com certeza é um livro que vale a pena ser lido. Obrigada pela dica.

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  2. Meninas, eu adoro a escrita da Chimamanda!
    Li quase todos e este está na minha lista tbe
    Bjks mil

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  3. Já li o sejamos todos feministas e fui surpreendida. Não gosto de militância e o feminismo de hoje me dá nojo, mas ela foi uma das poucas autoras, quiçá unica, que conseguiu se manter coerente no assunto igualdade nos livros q li. Qnd vi essa lançamento fiquei bem interessada, já pretendia ler outros livros dela, esse, após sua resenha, só somou mais forças nessa vontade.

    Raíssa Nantes

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  4. Olá, tudo bem?

    Não conheço a autora e nem suas obras, porém essa me deixou com vontade de ler. Vou anotar a dica com certeza e espero em breve ler.

    Beijos

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  5. Oi
    Tudo?
    Bonita resenha deu para sentir como o livro te emocionou bela dica.
    Beijos
    Raquel machado
    Leitura kriativa
    Http://leiturakriativa.blogspot.com

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  6. Oi, Tudo bom?
    Eu nunca li nada do autor, mas deu para perceber que você gosta muito.
    Curti demais sua resenha, pois faz meu estilo literário livros emocionantes como esse.
    beijos, Joyce de Freitas.

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  7. Não conhecia o título, mas fiquei interessada, gosto de contos, vou por na lista.

    Bjs
    Suka
    http://www.suka-p.blogspot.com.br

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  8. Olá, tudo bem?

    É muito bom quando o livro nos toca dessa forma, nos deixa "na lona" de um modo positivo. Nos faz refletir e torna-se uma leitura extremamente proveitosa. Confesso que nunca li nada da autora, nem tinha visto o nome dela por aí, até o momento, indicação anotada!

    Beijo!

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  9. Olá.
    Ultimamente eu tenho visto bastante resenhas relacionadas a essa obra e tenho muita vontade de ler. Achei a sua resenha bem bacana e me empolgou mais ainda para ler ele! Até mais ver
    Bjs

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  10. Oie!
    Nossa, quantas anotações no livro!
    Não sabia que se tratava de um livro de contos, e gostei muito do que apontou sobre ele.
    Adorei muito essa sua dica!
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  11. Oie!

    Não sou fã de livros desse gênero, procuro sempre obras que saiam da realidade para a leitura, mas irei indicar para uma amiga que ama histórias nessa vibe ela com certeza irá curtir a leitura e a dica!

    Bjss

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  12. Olá! Tenho bastante curiosidade em conhecer os livros dessa autora, deu para perceber que as histórias dela são fortes e que sempre nos trazem um boa lição. Fiquei curiosa para conhecer os contos, deu para perceber que são maravilhosos, beijos!

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