7 de junho de 2019

[Resenha] Depois daquela viagem

DEPOIS DAQUELA VIAGEM
Autor (a/es): Valéria Piassa Polizzi
Editora: Ática
Ano: 2001
Páginas: 279
Classificação: 4/5



Sinopse: No tom coloquial próprio dos jovens, Valéria Polizzi relata com bom humor e descontração as farras com a turma de amigos, a dúvida entre "ficar" ou namorar, o despertar da sexualidade, a angústia diante do vestibular e muitas coisas que atormentam qualquer adolescente. Tudo isso seria perfeitamente natural se não fosse por um pequeno detalhe que iria fazer uma enorme diferença: Valéria contraiu AIDS aos 16 anos porque, segundo ela mesma, "transei sem camisinha".
Neste livro, ela mostra como, de repente, por causa de quatro letrinhas, sua vida passou por uma reavaliação radical. Ela expõe, sem meias palavras, como a doença mexeu com sua cabeça e com os seus sentimentos.
Terminada a leitura, fica clara a sua resolução de preservar sua condição de ser humano a qualquer custo, ao mesmo tempo que se esforça por humanizar a todos os que cruzam seu caminho.
"Depois daquela viagem" é um livro triste e alegre, tocante e verdadeiro, um testemunho da coragem e da determinação de levar adiante a vida, apesar da AIDS.


Olá, leitores queridos!

Hoje estou aqui para falar com vocês sobre esse livrinho que entrou de forma despretensiosa em minha estante e mexeu muito comigo!

Li por acaso, quando uma amiga me perguntou se eu tinha ou se já havia lido o livro. Eu não sabia inicialmente do que se tratava e acabei por conhecer uma história real da vida da autora.

Fugi mais uma vez das leituras que faço habitualmente. O livro é uma autobiografia da autora que contrariou todos os conselhos, campanhas, aprendizados na escola e acabou por se envolver com alguém que lhe transmitiu AIDS. 

Ela nos conta com detalhes sobre seu breve e violento relacionamento, um momento em que lhe faltou lucidez, que fez sua vida mudar totalmente.

Valéria se despe integralmente para o leitor, detalhes de como foi se descobrir com a doença, a dificuldade de aceitação, a diferença de tratamento recebido dentre os membros de sua família e, principalmente, o preconceito de toda a sociedade, inclusive de alguns amigos.

Valéria teve a oportunidade de ir morar fora do país e lá teve diversas experiências diferentes, aprendeu coisas novas, fez outras amizades e se esqueceu, por um tempo, de cuidar do principal: sua saúde. É claro que isso lhe deve um altíssimo custo.


"Mas não foi nada disso que aconteceu, muito pelo contrário, eu me senti extremamente sozinha. E sentir-se sozinha quando se está sozinha é ruim. Mas sentir-se sozinha quando se está com alguém é infinitamente pior."

De volta aos tratamentos, Valéria aprendeu a lição!

Ao realizar a leitura, senti que é muito difícil falar sobre a doença quando se está com ela. Penso que as críticas, o medo das pessoas, até mesmo de encostar e conviver normalmente com a pessoa que tem a doença.

Muitos olham torto, outros fazem julgamentos e essas são apenas alguns dos problemas enfrentados pela pessoa soropositiva.

Tão difícil quanto essa situação, é enfrentar os sintomas físicos da doença, que vão do cansaço, tonturas, baixa imunidade, até internações frequentes e outros tratamentos necessários apenas para conter os sintomas.



Valéria não é uma super-heroína, enfrenta tudo com força e dor ao mesmo tempo! E é muito interessante a forma como ela narra, em primeira pessoa, e nos faz sentir e compreender tudo por que passou.

O livro foi lançado há muito tempo, com o objetivo de fazer um alerta aos jovens que ainda exista insistem em não fazer sexo seguro.

Em algumas escolas, inclusive aqui em Belo Horizonte/MG, o livro foi tido como "adiantado demais" para alguns adolescentes, e gerou reclamações dos pais.

Penso que, atualmente, com o retorno da AIDS como tem acontecido nos últimos 3 anos, o livro é mais que atual e deve ser trabalhado dentro das famílias e das escolas o mais urgente possível!

Recomendo a leitura, indistintamente!


Essa leitura faz parte do Projeto #leiamulheres, já explicado aqui no blog.

E você, já leu este livro ou outros que tratam sobre o assunto? O que achou? Conte-nos nos comentários!




4 comentários:

  1. Essa indicação de leitura é uma boa oportunidade de voltar a falar sobre assuntos que insistem em fazer de tabu novamente. Não apenas adolescentes, mas muitos adultos ainda relutam em falar sobre isso, e esse livro foi uma forma bem legal de abordagem. Amei a dia Karlinha. ^^
    Bjks!

    Mundinho da Hanna

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    1. Oi Hanna! Realmente é uma grande oportunidade para tratar também do crescimento do número de pessoas infectadas com a doença atualmente. Beijos!

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  2. Autobiografias não fazem muito meu estilo de leitura, mas gosto quando retraram temas tão importantes e desmistificam de certa forma coisas consideradas como tabu. Leituras assim impactam muito e são super importantes, eu adorei! Beijos.

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    1. Oi May! Pois é... importantíssimo ainda mais porque, após longos anos de baixa, tivemos picos de crescimento do número de pessoas infectadas pelo HIV nos últimos anos. Beijos!

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