5 de junho de 2017

[Resenha] 10 segundos


10 SEGUNDOS
Um Conto de Ano Novo
Autor: Robson Gabriel
Editora: Kindle Direct Publishing
Ano: 2016
Páginas: 29

Livro cedido em parceria com o autor

Sinopse: Willian cansou de dar ouvidos aos comentários idiotas sobre seu peso, ou por ser gay e negro faz um bom tempo. Tudo o que o jovem quer é ser feliz e estar de bem consigo mesmo. E foi pensando nisso, que ele trabalhou duro durante boa parte da sua adolescência para realizar o sonho de passar a virada de ano na Times Square durante a descida Bola de Ano Novo.
Ele sabia que cada centavo suado valeria a pena, afinal, todo sonho realizado vale a pena. Mas ele não esperava que sua falta de organização custaria tão caro. Willian mal fala meia duzia de palavras em Inglês e, para completar o pacote, não fez nenhum roteiro para viagem. Assim que chega ao aeroporto e desembarca, o jovem de vinte e seis anos se vê perdido, sem saber como chegar ao seu destino. O surto é garantido, claro que é, afinal, quem é que gostaria de arruinar os próprios sonhos?
Só que essa coisa chamada destino adora pregar peças na vida das pessoas. Willian se reencontra com um velho conhecido no café do aeroporto, o que libera memórias boas e ruins dentro do rapaz. Até que ponto ele pode chamar de sorte o reencontro com o cara mais amado e, ao mesmo tempo, odiado de sua vida?

"10 Segundos" é um conto divertido sobre reencontros, perda e superação que promete arrebatar o coração dos leitores ao mesmo tempo em que quebra diversos padrões impostos pela sociedade.




Olá, pessoal!

Hoje vou falar para vocês um pouquinho sobre o conto "10 segundos", de autoria de Robson Gabriel, parceiro do nosso blog.

Willian, cujo apelido é Will, é homossexual, negro e tem sobrepeso o que, infelizmente, são 3 formas de se sofrer bullying e preconceito em nossa sociedade atual.

Seu maior sonho é passar a virada de ano em Nova York, mais precisamente, na Times Square, um dos cruzamentos de vias mais famosos, chiques e badalados do mundo para essa ocasião. O autor nos conta a realização desse grande sonho de Will.

O personagem narra a história em primeira pessoa, o que eu gosto bastante, pois assim temos mais contato com suas opiniões e gostos, com seus sentimentos e pensamentos.

Ele fala consigo mesmo, se tratando por pronomes femininos e, ainda, faz "comentários" com o leitor, o que traz todo um humor à leitura.

Com uma auto estima de se tirar o chapéu, Will está prestes a lanchar em uma cafeteria do aeroporto, quando se depara com Thiago!

Thiago era um amigo da sala de Will na adolescência e, após alguns anos, aquela amizade se transformou em algo mais. Os dois cederam aos sentimentos mas, posteriormente, Thiago não concordava com a forma como Will se enxergava e, por isso, foi embora sem sequer se despedir.

E assim, após alguns anos, estavam ali, frente a frente, para o que o destino lhes reservava. Será que haveria um verdadeiro "acerto de contas"?


"Depois que terminamos nossos cafés, Thiago foi até o balcão e os pagou, sem nem mesmo me perguntar se eu queria que ele fizesse isso."


Thiago, na realidade, estuda nos Estados Unidos e leva Will a alguns lugares bem bacanas, inclusive passando o réveillon a seu lado.

Ou seja, no momento da realização de seu maior sonho, com um "mini-foguete" em uma mão e a bebida na outra, Will tem Thiago a seu lado, mas é claro que não vou contar como termina essa história.

Será que Will consegue perdoar Thiago e eles revivem aquele caso antigo de amor?

Não posso tecer muitos comentários sobre a edição, pois li em e-book. Mas não encontrei erros e me encantei com o início de cada capítulo onde, abaixo do número, temos um trecho de música.


"Enquanto os drinks não chegam, presto atenção na mocinha negra e careca, muito linda e poderosa, cantar Million Reasons, da rainha Gaga."


Aliás, música é algo bem presente na escrita de Robson, pois ele sempre cita algum trecho (além desses para iniciar o capítulo), o que ajuda a dar asas à imaginação do leitor e a conhecer ainda mais o personagem.

A escrita de Robson é fluida e marcada por diálogos. O conto é leve, romântico e bem humorado e indico para quem curte histórias desse tipo.


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2 de junho de 2017

[Resenha] O Guardião do Tempo


O GUARDIÃO DO TEMPO
Autor: Mitch Albom
Editora: Arqueiro
Ano: 2013
Páginas: 240


Sinopse: Dhor sempre foi obcecado por enumerar coisas. Quando percebeu um padrão entre o nascer e o pôr do sol – que se repetiam um após o outro, infinitamente –, ele aprendeu a contar os dias. Ao descobrir que a lua mudava de forma e depois voltava ao seu formato original, passou a contar os meses.Sem saber, movido por uma curiosidade ingênua, Dhor estava aprisionando a maior dádiva de Deus: o tempo. E pagaria um preço alto por isso, sendo banido para uma caverna durante seis milênios. Imune aos efeitos dos anos, passava seus dias sozinho, forçado a ouvir as vozes das pessoas implorando por mais minutos, mais dias, mais anos – querendo esticar os momentos de felicidade e encolher os instantes de sofrimento. Depois de compreender o mal que havia criado ao fazer a vida girar em torno de um relógio, Dhor é mandado de volta à Terra com uma missão: ensinar a duas pessoas o verdadeiro sentido do tempo. Ele escolhe uma adolescente desiludida, prestes a pôr fim à própria vida, e um homem de negócios rico e poderoso que pretende desafiar a morte e viver para sempre. Cada um à sua maneira, eles precisam entender que o tempo é um dom precioso, que não pode ser desperdiçado nem manipulado. Para salvar a própria alma e concluir sua jornada, Dhor precisará salvá-los. Antes que o tempo se esgote – para todos.





Olá, queridos leitores!

Um livro diferente do que estou acostumada a ler pede uma resenha em um formato diferente das demais! Espero que gostem da forma como vou abordar "O guardião do tempo"!

Um amigo me enviou o livro emprestado, claro, como indicação de uma boa leitura e, com inúmeros livros para ler, este ficou meses na estante até que eu resolvi pegá-lo e iniciar a leitura.




Nas 20 primeiras páginas já me arrependi amargamente de não ter realizado a leitura na mesma hora em que o livro chegou em minha casa e vou contar o porquê.

O autor divide o livro em três personagens e a narrativa se reveza entre as histórias deles.

Dhor é de uma época em que não se marcava o tempo. Ele é obcecado por medir as coisas e, certo dia, percebe que existem semelhanças nos momentos de nascer e pôr do sol a cada dia. Curioso, se utilizou de métodos rudimentares e cometeu o "pecado" de descobrir o tempo. Por isso, fica preso em uma caverna sozinho, sem Alli, o amor de sua vida, por seis mil anos, período em que irá ouvir as lamentações das pessoas sobre o tempo.

"Houve época em que ele se orgulhara de marcar o tempo com água. Mas o homem não inventa nada que Deus não tenha criado primeiro."


"Dhor sentia uma onde de calma sempre que Alli o abraçava, como se fosse embrulhado numa manta, e sabia que nenhuma outra pessoa jamais o amaria ou compreenderia como sua mulher."


Após compreender algumas coisas sobre o tempo, Dhor retorna à Terra com o objetivo de ajudar duas pessoas que passam a ser personagens principais da trama, juntamente com ele.

Sarah Lemon, uma jovem "mimada" que não quer mais viver e que, por isso, planeja tirar sua própria vida e Victor Delamonte, um idoso que se descobre com uma doença terminal e está disposto às mais loucas ideias para permanecer vivo. Ou seja, uma quer morrer "antes do tempo", enquanto o outro quer apenas "mais tempo" para viver.

A missão de Dhor é fazer com que Sarah e Victor compreendam a preciosidade do tempo e, principalmente, aprendam que ninguém pode manipular os ponteiros do relógio da vida.

"- O ser humano raras vezes conhece o seu poder"


O livro se desenvolve com muita apreensão a cada capítulo. Como eles são intercalados entre Dhor, Sarah e Victor, a vontade é grande de pular os próximos capítulos e ir direto ao de cada um dos personagens. Porém, suas histórias se entrelaçam de tal forma que o leitor fica ávido por descobrir o que acontece em seguida com cada um deles.


"Às vezes, quando a pessoa não consegue o amor que quer, dar algo a faz achar que conseguirá."


A reflexão trazida pelo livro é realmente deliciosa e importante. O que você faz com as horas dos seus dias? Quem, em um momento de extremo sofrimento, nunca pensou que seria mais fácil simplesmente deixar de existir? Quem não queria uma vida "eterna"? Quem nunca reclamou do tempo? Da falta dele, de não tê-lo aproveitado da melhor forma, de ele passar devagar demais?




A escrita do autor é leve e extremamente fluida e objetiva, a ponto de o leitor realmente se apegar a ela. Alguns pontos do livro trazem imensa identificação com o leitor e pessoas ao seu redor, pois as questões discutidas e circunstâncias presentes na obra são muito atuais.

Apesar de termos pontos considerados como "fantasia", tudo é extremamente crível e realista, o que me fez ficar absolutamente encantada com a leitura. Penso que um filme com essa história seria fantástico!

"-Tudo o que o ser humano faz hoje para ser eficiente, para preencher as horas - disse Dhor. - Isso não satisfaz. Só o deixa mais ávido de fazer mais. O ser humano quer ser dono da sua existência. Mas ninguém é dono do tempo."


Recomendo a quem gosta de livros intrigantes, que têm o poder de mexer realmente com seus conceitos e trazem reflexões importantes para a vida. 

E aí, você aproveita o seu tempo da melhor forma?



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1 de junho de 2017

[Resenha] Me diga quem eu sou


ME DIGA QUEM EU SOU 
Uma bipolar em busca da sanidade
Autora: Helena Gayer
Editora: Objetiva
Ano: 2017
Páginas: 120

Livro cedido em parceria com a editora


Sinopse: Como num grito de alerta, Helena Gayer transmite as nuanças de uma pessoa apunhalada pelo transtorno bipolar. Com crueza, minúcia e fervor, a autora narra seus mergulhos ora em depressão ora em mania e as muitas experiências por que passou, correndo risco de morte e abusos. Ao se abrir e descrever com detalhes as inúmeras tentativas de ter uma vida normal, os episódios de completa alienação e as internações, ela deixa escapar, a cada linha, um pedido tênue, uma súplica fugaz, para que tenhamos um olhar mais apurado em direção à pessoa, não só à doença. Helena nos apresenta um relato íntimo sobre como é viver, sobreviver e constantemente se rearranjar nessa realidade tão dura e tantas vezes negligenciada. Diagnosticada aos 21 anos, ela remove e nos mostra cada estilhaço de sua trajetória, enquanto seguimos com ela numa jornada de dor e descoberta, mas, acima de tudo, de superação.


Olá, pessoal!

Hoje venho contar a vocês um pouquinho do que senti sobre a leitura de "Me diga quem eu sou", livro recebido em parceria com a Editora Companhia das Letras, pelo selo Objetiva.

Um livro que me encantou desde a sinopse, mas garanto que a leitura foi algo muito mais intenso do que pude prever naquelas poucas linhas

No livro, a autora nos conta a história de sua própria vida. Temos contato não apenas com a parte técnica, médica e psicológica de um bipolar, mas com todos os detalhes e sentimentos de alguém que vive na pele todos os problemas e dificuldades do transtorno.



Ao falar sobre o livro, é importante explicar que o transtorno bipolar se caracteriza, principalmente, por grandes oscilações de humor, onde, em um momento, a pessoa está ótima, feliz e sorridente e, um tempo depois, se encontra extremamente depressiva, irritada e triste.

A autora nos revela que vive sua vida sempre sem saber exatamente de que lado está, até que uma próxima crise lhe atinge, com resultados normalmente catastróficos.

Já nas primeiras páginas, Helena narra que, aos 19 anos, ao entrar na faculdade de oceanografia, teve acesso ao livro "Do jardim do Éden à era de Aquarius" que, segundo ela, mudou tudo em sua vida.

Dois anos mais tarde, já cursando Jornalismo, Helena viajou com uma vizinha para um acampamento em Florianópolis e, em meio a uma situação que parecia absolutamente favorável para desfrutar o local maravilhoso, as ideias do livro supracitado lhe voltaram à mente.


"De qualquer forma, ela ouviu meus desatinos sem protestar e me livrou da loucura, pois qualquer forma de troca é o avesso da solidão."


A partir de então, Helena se viu em uma crise de mania, em que ela perdeu os limites e, alucinada, se sentindo como uma "enviada" de mente superior, na era de Aquarius, entrou na casa de outra pessoa, trocou suas roupas pelas da dona da casa e saiu, como se morasse mesmo ali.



Depois de outros episódios similares, de se machucar sem sequer saber como, de ser agressiva com as pessoas que estavam à sua volta, sua família foi chamada e foi internada em uma clínica de reabilitação.

Os detalhes sobre os medicamentos e seus efeitos, dos direitos e deveres dos pacientes, das amizades com outros internos da clínica e dos profissionais de saúde que lhe cuidavam também foram passados com muita fidelidade, o que me causou aperto no estômago e, em alguns momentos, lágrimas.


"Anos de depressão me ensinaram que a capacidade de expressar o que se sente é um exercício de amor-próprio e não pode ser contido, mas sim lapidado."


No decorrer do livro temos a descrição de vários dos seus surtos e das internações que lhe aconteciam de maneira frequente, sem que ela pudesse ter total controle da sua mente.

Helena alterna os capítulos com histórias que variam ao longo do tempo, ou seja, algumas vivências de seu passado vêm à tona não necessariamente em uma ordem cronológica.

Em certo capítulo, o leitor tem a informação de que a angústia que a teria levado mais tarde ao transtorno, se iniciou porque jamais sua mente conseguiu absorver a separação de seus pais. Ao pensar sobre isso, a autora se acha diferente de suas irmãs que, apesar do ocorrido, conseguiram seguir normalmente com suas vidas.

Narrado em primeira pessoa, o livro de Helena é o que chamo de mergulho em uma piscina desconhecida, onde a mente humana é muito bem explorada através do que acontece com o paciente, seus anseios, medos, dificuldades e, claro, suas conquistas que podem parecer pequenas, mas são grandes saltos rumo à tão sonhada sanidade.


"A grande aventura foi primeiro conhecer a mim mesma, e depois buscar aceitar os outros e nunca alimentar a ilusão de ser compreendida."


Achei lindíssima a capa, que demonstra muito bem o que a autora passa no livro. Não encontrei erros de edição nas páginas amareladas, que facilitam e tornam confortável a leitura.

Mais que recomendo o livro a quem gosta de conhecer os caminhos tortuosos por onde passam as pessoas com algum transtorno mental.



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